Produtor
Porto Post Doc Festival Cinema - Associação Cultural
Breve Introdução
Jaime + Rosa de Areia
Sáb 1 Rivoli Pequeno Auditório 21:00
Retrospectiva António Reis e Margarida Cordeiro
Jaime
António Reis
1974, Portugal, 35
Nas palavras do próprio António Reis, Jaime não é uma história, mas é um filme onde tudo tem importância. Talvez seja essa a principal razão para uma câmara tão deambulante que procura todos os pormenores e detalhes, que espreita por todos os buracos de uma forma tão subjectiva. Ainda que tenha um aspecto descascado, sem preciosismo, próprio da película de 16mm, Jaime só poderá ser entendido como um filme amador no sentido mais etimológico e poético da palavra (o que ama), dirigido por um poeta que também se expressa por imagens, e pelos seus jogos de sedução dramática e poética com as palavras e os sons, sobre o trabalho de um outro poeta, Jaime, um autodidacta desconhecido institucionalizado num hospital psiquiátrico, a quem o cinema procura restituir a sua dignidade. (Paulo Cunha)
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Rosa de Areia
António Reis, Margarida Cordeiro
1989, Portugal, 87
O último filme de António Reis e Margarida Cordeiro, Rosa de Areia cuja estreia mundial decorreu em Berlim, em 1989 conta com a participação de Artur Semedo e do próprio Reis, encerrando o breve conjunto de quatro obras da dupla e fá-lo como um tributo à terra, à poesia e à paisagem. A história de um homem perseguido por um tigre que caiu num poço onde outro tigre o esperava ou a história de um pai ressuscitado dos mortos para dar de beber à filha um vinho feito de sol, poeira e chuva, são histórias que vivem fora do tempo, aqui documentadas com processos reais, como o julgamento medieval e a execução de um porco. Amparadas por vários fragmentos de textos, que passam por Montaigne, Kafka ou Carl Sagan, até à prosa de Margarida Cordeiro, estas micronarrativas conjuntam-se numa espécie de grande composição literária que muitas vezes ilustra as imagens. Os realizadores deixam claramente expresso, neste último filme, um gesto experimental que aponta em novas direcções e que criou no cinema português um lugar como esses uádi rios temporariamente secos onde nasce a rosa do deserto onde todo o imaginário pode florescer. (Luís Lima)